“Só a flauta de taquara dizendo um áspero salmo, naquela Noite Feliz dos que viveram mal ano. E esse tourinho de argila e esse cordeirinho branco… e junto ao Guri moreno, a Virgenzinha de barro.”
Não foi um bom ano para os mais vulneráveis do continente. Mesmo assim, ou por isso mesmo, encerra-se o ano com nossos ritos sincréticos de comunhão e esperança, como nessa descrição do Natal andino, de Atahualpa Yupanqui. Nosso recital de dezembro traz o Natal crioulo, mestiço, indígena, negro e peninsular, em nossa canção popular e nossas cevadas de palavra. Também alguns criadores e intérpretes fundamentais que entraram na cancha ou passaram ao silêncio em algum dezembro do Sul da Terra. É o encerramento do ano, do sétimo ano do Recital Cantos do Sul da Terra: sob os braços abertos do Cruzeiro – a Cruz del Sur -, em uma celebração comunal, solidária, bela, resistente, como nossa gente e nossos cantares.